Análise de ascos
ordenados em Neurospora crassa
O fungo filamentoso Neurospora crassa apresenta
reprodução assexuada com produção de conídios de cor alaranjada. Na
ausência de certos nutrientes (principalmente fontes de nitrogênio) é
iniciada a fase sexuada. Indivíduos de N. crassa podem ser de
dois tipos: A ou a de acordo com o tipo de acasalamento (loco
mating-type). O acasalamento só ocorre entre indivíduos A e a. Como
resultado do acasalamento são formados corpos de frutificação chamados
peritécios. No interior do peritécio estão os ascos que contém os
esporos (ascósporos), resultantes do acasalamento, arranjados de maneira
linear. Devido à forma do asco, os fusos não se sobrepõem durante a
meiose. Assim, o arranjo de ascósporos geneticamente diferentes
representam os eventos que ocorreram na meiose. Ao final da meiose, uma
mitose ocorre e oito ascósporos, ao invés de 4, são produzidos em cada
asco.
A mutação cys-3 em N.crassa além
de causar auxotrofia para cisteína faz com que os ascósporos, que são
normalmente escuros, permaneçam claros. Assim, de um cruzamento de uma
linhagem selvagem com uma linhagem cys-3, metade dos ascósporos serão
pretos e metade brancos. O arranjo dos ascósporos dentro do asco vai
indicar se houve ou não permuta genética (crossing-over) entre o gene
cys-3 e o centrômero (ver figura 1). Se houver crossing-over os ascos
terão arranjo tipo 2:2:2:2 (recombinantes). A proporção de ascos sem
crossing-over (parentais) e recombinantes nos permite calcular a
freqüência da recombinação entre o gene cys-3 e o centrômero (e
conseqüentemente a distância entre eles em unidades de mapa). Outros
genes que não possuem um marcador de cor podem ser mapeados através do
cultivo de cada ascósporo individualmente, mantendo a seqüência
observada no asco e posterior análise do seu fenótipo.
Instruções:
As linhagens de N. crassa fl matA
e mutante cys-3 mata serão utilizadas.
1.
Crescer a linhagem fl matA em placa com meio Westergaard (baixa
concentração de nitrogênio) a 25ºC por 5-10 dias para produção de
protoperitécios.
2.
Espalhar uma solução de conídios da linhagem cys-3 mata
sobre a cultura A com uma alça de Drigalsky. Incubar de 7 a 15
dias a 25ºC para aparecimento e amadurecimento dos peritécios.
3.
Com uma pinça ou agulha retirar 4-5 peritécios da placa,
partindo-os ao meio e depositar o seu conteúdo em uma gota d’água
contida sobre uma lâmina. Colocar a lamínula sobre a gota e pressionar
levemente (uma alternativa é esmagar os peritécios com a própria
lamínula).
4.
Observar os agrupamentos de ascos (rosetas) ao microscópio e
classificar cerca de 200 ascos quanto ao tipo. Não considerar os ascos
com esporos totalmente claros (imaturos).
5.
Calcular a freqüência de recombinação entre o gene cys-3 e o
centrômero, através da fórmula:
% recombinação =
número de ascos recombinantes x 100
número total de ascos x 2
A freqüência de recombinação dará a
você um número referente a unidades de mapa (ou cM).
Questões:
- Desenhe um esquema da estrutura dos cromossomos
envolvidos na meiose para explicar todos os tipos de recombinantes
possíveis.
- Por que a fórmula acima tem um 2 no denominador?
- Se você observou algum asco diferente dos
esperados acima, qual a explicação provável para este fato?
- Como você poderia relacionar a distância
genética (em unidades de mapa) com a distância física (em Kb)? Essa
relação é precisa? Por quê?
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