Na década de 70 um grupo de pesquisadores coordenados pelos professores José Galizia Tundisi e Yatsuka Saijo realizaram vários estudos na região do Vale do Médio Rio Doce. Em 1984 e por iniciativa do Instituto Estadual de Florestas – IEF/MG foi realizado um workshop com vistas a determinar as prioridades de pesquisas nessa região, se destacando a avaliação da biodiversidade local e os processos responsáveis por sua manutenção. O objetivo principal era avaliar a eficácia do Parque Estadual do Rio Doce PERD em manter a biodiversidade local, assim como estudar os possíveis efeitos deletérios das introduções de espécies exóticas e da fragmentação ambiental. Na época, havia uma lacuna muito grande de dados de longo prazo para ecossistemas tropicais. Em 1996 seguindo iniciativa do Professor Francisco Barbosa que apresentou uma proposta de criação de um Programa Integrado de Ecologia-PIE ao Fórum de Coordenadores de Cursos de Pós-Graduação em Ecologia, foi submetido ao CNPq, presidido à época pelo Prof. José Galizia Tundisi, a proposta de criação do PIE e do subprograma de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração –PELD, a qual foi aprovada em 1998 com a publicação do 1o Edital que teve 27 propostas, dentre as quais 9 foram aprovadas. Um detalhamento deste histórico de criação pode ser visto em Barbosa (2013) no livro “PELD-CNPq - dez anos do Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração no Brasil: achados, lições e perspectivas”. O PELD é membro da International Long Term Ecological Research Network (rede ILTER), que congrega 40 países-membros e suas redes nacionais de pesquisa ecológica de longo prazo. A implantação do Sítio 4 – PELD/Rio Doce foi uma excelente iniciativa para fortalecer as pesquisas não só no PERD, mas em todo trecho médio da bacia do Rio Doce. Amplas redes científicas foram formadas a nível nacional e internacional. O PELD permitiu que o olhar científico fosse retomado para um ecossistema que alberga uma grande biodiversidade, no entanto, uma biodiversidade muito ameaçada (recentemente foi constatada a extinção local de 7 espécies de peixes!). Após esses anos de monitoramento, chegamos ao momento onde podemos efetivamente testar hipóteses e desenvolver novas teorias, aplicadas não só a este ecossistema, mas a outros ecossistemas tropicais. O PERD ganhou destaque internacional se tornando um sítio RAMSAR, ou seja, uma Área Úmida de Importância Internacional e hoje é um exemplo de experiência de manejo de áreas protegidas e continua sendo um laboratório a céu aberto.